quarta-feira, 21 de março de 2012

No ônibus

As viagens de ônibus são sempre muito interessantes, porém, sempre possuem as mesmas sensações. Salvo raríssimas exceções, determinadas fases sempre se repetem. São elas:

1) O Medo - a fase do medo é sempre a primeira. É aquela que, quando estamos na fila, vemos um ser indesejado – invariavelmente comendo um Elma Chips - e tememos imensamente que este seja nosso companheiro de viagem pelas próximas horas. Quando não é isso, o vivente já vem com sabor cebolitos naturalmente. Esse é o pior, não adiantando nem oferecer pastilhas: sovacos não chupam bala halls.

2) A certeza – a fase que vai garantir o teu humor durante as próximas horas de existência: o seu companheiro já ocupa a poltrona ao lado. Caso ainda haja espaço para se movimentar e permissão para respirar tranquilamente, a viagem terá grandes chances de ser agradável. Daí tu entendes por que nunca acertou a loteria: tua sorte estava reservada para o ônibus, ou, para ganhar o sorteio da cesta de café da manhã na rifa da vizinhança.

3) O filme – Os filmes do ônibus ou são uma merda completa, ou são absolutamente sem graça (ou seja, uma merda completa). Existem algumas exceções que garantem que o filme não é totalmente desprezível, que são: a) um bom ator – ele muitas vezes dá um 'up' no roteiro; b) tem bichinhos bonitinhos e c) lindas paisagens. No máximo. Quando o filme for realmente bom ou tu dormiu e tá sonhando ou é delírio.

As próximas fases dependem da tua capacidade de dormir ou não. Caso consigas dormir és um abençoado. Do contrário, ainda existem:

4) Conversas – Conversar no ônibus nem sempre respeita aquela máxima de que “quando um não quer, dois não brigam”. Infelizmente, nem todas as pessoas compreendem a indiferença como um não. Muitas delas acha que é timidez da tua parte. E o pior: ninguém nunca supõe ter mau hálito.

5) A comida – Não sei por que, mas acho este assunto o mais interessante. Gordos sempre carregam comidas. Nem sempre a pessoa do lado carrega comida. Então, já temos um grande dilema quando portadores da comida: oferecer ou não oferecer. Não gosto de dividir a minha comida. Me inspiro numa grande amiga que tenho desde a infância que esperava o namorado ir embora para abrir o pote de sorvete – um a menos! No ônibus há sempre o constrangimento, pois tu não tens opção “esperar a visita ir embora”. Opto por jamais olhar para o lado enquanto como. Se a pessoa tentar falar contigo diga “uhum” de boca cheia, não a olhe e seja antipático. Sorrisos só depois. Isso salvará teu lanche!

Fim da viagem! Descanso? Ainda não...

6) Momento de buscar as malas - Hoje em dia os motoristas costumam ir tirando as malas e gritar o número da bagagem, portanto, ficar como mosca em volta da merda, além de não adiantar nada, só atrapalha o bom andamento da coisa. Não, a tua mala não vai aparecer antes por que tu estás ali. Até onde eu sei, mala não é cachorro. Por mais que tenha rodinhas, ainda não anda sozinha, pula e vem ao teu encontro. Sim, a realidade é triste.

Beju da Gorda!

4 comentários:

  1. Muito bom! Tão bom que me inspirou. Vou escrever a minha versão. Quem mandou escrever coisa interessante!

    E, de fato, o filme, o companheiro ao lado e a porcaria da hora de pegar a mala são horríveis. Eu ainda acrescentaria o detergente de banheiro. Alguns dias depois da viagem ainda tenho pesadelos com aquele cheiro...

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  2. Pior! O detergente de banheiro é um clááássico Farinatti! Eu às vezes tenho a sorte de ir sozinha, mas também, quando vem a compensação por toda a sorte recebida...

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  3. Detergente não é nada. E quando alguém decide fazer um número 2 caprichado no banheiro do ônibus? Isso bem no início da viagem. Já vivi essa experiência e posso garantir que não é nada boa.

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