sábado, 27 de agosto de 2011

Churrasco: um bom pretexto II


O churrasco une os amigos e faz novos e desconhecidos inimigos, como constatado no post anterior. Mas o que mais intriga os mais tolerantes (os menos tratam logo de se preocupar em como causar um curto-circuito e acabar com poluição sonora) é a diversidade do mau gosto. Alguns chegam a ficar saudosos do Raça Negra, o maior culpado por tudo, o precursor, o responsável pela propagação das composições mais sem explicação - até então -  para os ouvidos brasileiros criteriosos. Naquela época, o mau gosto era apenas mau gosto. Hoje acusar “sou foda” (pesquisar no youtube) de mau gosto é ser a Madre Teresa da crítica musical.
Para os que pararam de reconhecer o gênero musical dos grunhidos reproduzido pelos aparelhos de som vizinhos, muitas vezes acompanhados de grunhidos mais intolerantes vindo de cordas vocais ao vivo, aqui vai uma lista com dicas de como reconhecer o que lhe causa desgosto.

  1. Funk: som demasiado irritante. Ritmo irritante. Letra, igualmente irritante, com refrão composto por no máximo 4 palavras. Isso se o compositor for bom. Hit do momento: “é o pente, é o pente, é o pente, é o pente...” autor desconhecido.
  2. Sertanejo: (embora conhecida, é necessária a explicação para que possamos entender melhor o sertanejo universitário) sertanejo era, em tempos distantes, uma música regional, muitas vezes com belas e tristes letras e melodias. Nas últimas duas décadas tem sido associado a declamações em tom de canto por cantores com uma voz extremamente irritante que simula a situação de estar cantando no banheiro – enquanto sofrem uma evacuação difícil, como Leandro (que Deus o tenha) e Leonardo, Xitãozinho e Xororó.
  3. Sertanejo universitário: ainda uma incógnita. Indefinível. Permanece a decadência do termo 'sertanejo' porém a 'música' é mais dançante, pulante e degradante. Não, o degradante não foi pra rimar, foi pra constatar. Creio que o termo “universitário” exista por tornar a coisa mais irritante ainda, como se eles tivessem frequentado a universidade do mau gosto. Representantes de sucesso na atualidade: Luã Santana, Vitor e Léo.
  4. Axé: Daniela Mercury que, poderia muito bem ter se recolhido à sua insignificância, resolveu revelar o seu mau gosto para o mundo através do hit “alegria agora!” e desgraçar a vida no resto do Brasil, como se já não houvessem políticos o suficiente para fazê-lo. Um som que permite aos fãs manifestarem sua adoração através de pulos, gritos e dancinhas pula-rebola-pula, popularizadas pelas “Loira e Morena do tchan”. Hoje temos a infelicidade de, além desse mau gosto permanecer como praga, termos como representante mor a insossa Claudia Leite.
  5. Calypso: trata-se de um fenômeno isolado e exclusivamente paraense (ufa!), formado por Joelma e Chimbinha, conhecido por todo o Brasil. Não há denominação ou explicação plausível para o ritmo, a dança e aquilo que chamam “voz” na "cantora” Joelma. Rezo pela extinção do grupo e pelo fim da música paraense. Amém!
Tentando compreender os fenômenos culturais brasileiros... desisto.


Beju da gorda

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